Qual é a definição da doença?
A bronquiectasia é uma condição caracterizada pela dilatações irreversíveis nos brônquios, responsáveis por direcionar o ar inspirado para os pulmões. Geralmente, está associada a um espessamento das paredes brônquicas.
Quais são as suas principais causas?
Existem três grandes causas que podem levar a esse quadro: congênita, adquirida e idiopática.
- Congênita: é determinada por qualquer doença que possa desenvolver bronquiectasia no indivíduo, desde que esteja presente desde o seu nascimento, como fibrose cística, deficiência de alfa-1 antitripsina, discinesia ciliar primária, Síndrome de Young, defeitos anatômicos da árvore brônquica e sequestro pulmonar.
- Adquirida: são doenças que, ao longo da vida, a pessoa pode desenvolver, como DPOC, imunodeficiências secundárias, doenças sistêmicas, pneumonite inflamatória, processos obstrutivos e causas pós-infecciosas.
- Idiopática: quando a bronquiectasia é causada por um motivo não determinado. Esse tipo de causa pode chegar a 50% dos casos.
Além de apresentar causas diversas, a doença também varia de acordo com o estilo de vida e a disponibilidade de tratamento nas populações. Em países mais desenvolvidos, a causa mais comum é atribuída a doenças sistêmicas. Em países em desenvolvimento, como o Brasil, onde a pobreza e a falta de recursos são mais prevalentes, as bronquiectasias pós-infecciosas continuam sendo mais comuns.
Como ocorre o seu processo de desenvolvimento?
O desenvolvimento se dá a partir de agressões frequentes às vias aéreas, que podem ser causadas por agentes infecciosos ou substâncias químicas, por exemplo. Essas agressões fazem com que as vias aéreas fiquem mais inchadas que o normal e ricas em células inflamatórias, como neutrófilos e linfócitos, além de material purulento.
Com o processo inflamatório e a obstrução prolongada, ocorrem lesões no tecido brônquico, levando à substituição do tecido normal por um tecido fibrótico, mais resistente às agressões, porém com características diferentes das do tecido original.
A partir dessa troca, ocorre uma distorção da arquitetura da via aérea, resultando em uma dilatação permanente, característica da condição. A deformação leva ao aumento da obstrução e da retenção de secreção, o que favorece ainda mais outros processos infecciosos.
Como é feito o diagnóstico?
Para o diagnóstico, a doença pode ser classificada como: indolente, supurativa ou com hemoptise.
- Indolente: o paciente geralmente é assintomático ou apresenta sintomas leves, mas com raio-X característico mostrando dilatações.
- Supurativa: o indivíduo apresenta tosse e expectoração crônica, que podem aumentar em episódios de exacerbação, podendo ocorrer sinais de comprometimento sistêmico, como febre e perda de peso.
- Com hemoptise: menos comum, sua apresentação se dá com tosse acompanhada de sangue em pequeno volume, geralmente durante exacerbações da doença. Há ainda falta de ar e chiado.
Para auxiliar no diagnóstico, é possível a realização de exames de imagem. A tomografia computadorizada de alta resolução é o melhor método de escolha para a confirmação diagnóstica.
Tratamento
Para que o tratamento seja eficaz, é necessário realizar uma investigação da causa e da gravidade da doença. O objetivo é limitar o dano ao brônquio, reduzir o número de exacerbações e melhorar a qualidade de vida do paciente.
O tratamento inclui:
- Antibióticos: visam suprimir a carga bacteriana das vias respiratórias e, consequentemente, prevenir exacerbações.
- Tratamento das causas específicas: dependendo da etiologia, é necessário combater diretamente a causa da bronquiectasia.
- Higiene brônquica: remoção das secreções respiratórias para não alimentar o ciclo de proliferação bacteriana. Pode-se utilizar fisioterapia respiratória, mucolíticos e soro fisiológico.
Em casos mais graves, o tratamento pode incluir o controle de hemoptises volumosas, com proteção das vias aéreas e remoção do foco de sangramento. Em alguns casos, pode ser necessário o tratamento cirúrgico.